quarta-feira, 27 de abril de 2011

Walter Smetak: O Alquimista dos Sons


Walter Smetak tentou representar a música em sua amplitude: música que emociona, que envolve, que surpreende os sentidos e cria seus próprios caminhos para registrar-se em nós.

Músico, professor, artista plástico, intelectual. Suíço por natureza, baiano por escolha, Smetak verbalizou com esculturas sua relação com a música. Assim mesmo, misturando os sentidos. Fez dela objeto. Fez dela visão e toque.


A obra de Smetak é marcada pela criação daquilo que batizou como “plásticas sonoras”, instrumentos musicais inventados por ele a partir do improvável: cabaças, cordas, plásticos, isopor, bobinas. Inquietação em essência, materializada em formas, tons, microtons. Arte que fez fervilhar as idéias de gente como Gilberto Gil , Caetano Veloso e Marco Antônio Guimarães do Uakti.

Poder conhecer a obra de Smetak é a chance de reviver um patrimônio artístico atemporal, contemporâneo, brasileiro, do mundo. Smetak deixou uma obra para ser tocada pela imaginação, feito de materiais pobres reciclados e transformados em combinações imprevistas onde visualidade e sonoridade se confundem.

Música para ser experimentada com todos os seus sentidos...




Madeira, flandre, vergalhão - (1969)

Anton Walter Smetak nasceu em Zurique, Suíça, em 12 de fevereiro de 1913 e naturalizou-se brasileiro em 1968. Filho de pai músico, ainda criança aprendeu a tocar zither, um instrumento da família da cítara, muito popular na Baviera, mas acabou optando pelo piano, graças à atração que Bach e Beethoven exerciam sobre ele. Na década de 1930, estudou no Mozarteumde Salzburg, Áustria, e, em seguida, diplomou-se como concertista de violoncelo em Viena.

Adotou, no Brasil, o ofício de luthier e passou a construir e a consertar, artesanalmente, violinos. Ainda em São Paulo, em 1957, é convidado pelo maestro Hans-Joachim Koellreutter a participar como professor dos Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia. Em Salvador, Smetak encontra as vertentes e influências que inspiraram suas pesquisas, teorias e experimentos.

Smetak recebeu de presente da Universidade Federal da Bahia uma sala/galpão que, em pouco tempo, transforma em oficina de idéias e objetos. Ele sentia que era preciso criar novos instrumentos, para uma nova música, um novo som. “O que aconteceu talvez é que me interessa muito mais o mistério dos sons que o da música.” A partir destes novos conceitos de matéria e espaço, nasceram as Plásticas Sonoras. Para construí-las, Smetak empregou cabaças, madeira, cordas, tubos de PVC, latas e qualquer material que estivesse a seu alcance.

As plásticas sonoras refletem uma antiga e moderna tendência de integrar a música às artes plásticas utilizando também outros recursos, como a linguagem das cores; o amarelo, o azul e o vermelho, representando, respectivamente, segundo ele, planos de uma mente cósmica, sabedoria, atividade e produção.

No início dos anos 1960, volta-se para a música experimental, fundando uma “nova escola”, em que investigava sobre o silêncio, o som e as suas relações com o homem.

Não chegou a fazer em vida exatamente tudo o que queria, a doença foi rápida, em 1984, Smetak morria de enfisema pulmonar, em 30 de maio de 1984.

Texto retirado e adaptado de: http://www.waltersmetak.com


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